sábado, 14 de agosto de 2010

domingo, 20 de junho de 2010

Levantado do Chão - José Saramago

A Flor Máis Grande do Mundo (José Saramago)

José Saramago - o adeus ao Nobel portugês





José Saramago nasceu na vila de Azinhaga, no concelho da Golegã, de uma família de pais e avós pobres. A vida simples, passada em grande parte em Lisboa, para onde a família se muda em 1924 – era um menino de apenas dois anos de idade – impede-o de entrar na universidade, apesar do gosto que demonstra desde cedo pelos estudos. Para garantir o seu sustento, formou-se numa escola técnica. O seu primeiro emprego foi serralheiro mecânico. Entretanto, fascinado pelos livros, à noite visitava com grande frequência a Biblioteca Municipal Central — Palácio Galveias na capital portuguesa.
Autodidacta, aos 25 anos publica o primeiro romance Terra do Pecado (1947), mesmo ano de nascimento da sua filha, Violante, fruto do primeiro casamento com Ilda Reis – com quem se casou em 1944 e permaneceu até 1970 - nessa época, Saramago era funcionário público; em 1988, casar-se-ia com a jornalista e tradutora espanhola María del Pilar del Río Sánchez, que conheceu em 1986, ao lado da qual continuou a viver até à sua morte.

Em 1955, começou a fazer traduções para aumentar os rendimentos – Hegel, Tolstói e Baudelaire, entre outros autores aos quais se dedicou.

Depois de Terra do Pecado, Saramago apresentou ao seu editor o livro Clarabóia, que depois de rejeitado, permanece inédito até a data de hoje, sendo que depois disso, o mesmo persiste nos esforços literários e dezanove anos depois – então funcionário da Editorial Estudos Cor - troca a prosa pela poesia lançando Os Poemas Possíveis. Num espaço de cinco anos, depois, publica sem alarde mais dois livros de poesia, Provavelmente Alegria (1970) e O Ano de 1993 (1975). É quando troca também de emprego, abandonando a Estudos Cor para trabalhar no Diário de Notícias, depois no Diário de Lisboa. Em 1975, retorna ao Diário de Notícias como director-adjunto, onde permanece por dez meses, até 25 de Novembro do mesmo ano, quando os militares portugueses intervêm na publicação (reagindo ao que consideravam os excessos da Revolução dos Cravos) demitindo vários funcionários. Demitido, Saramago resolve dedicar-se apenas à literatura, substituindo de vez o jornalista pelo ficcionista: "(…) Estava à espera de que as pedras do puzzle do destino – supondo-se que haja destino, não creio que haja – se organizassem. É preciso que cada um de nós ponha a sua própria pedra, e a que eu pus foi esta: "Não vou procurar trabalho", disse Saramago em entrevista em 1988.

Da experiência vivida nos jornais, restaram quatro crónicas: Deste Mundo e do Outro, 1971, A Bagagem do Viajante, 1973, As Opiniões que o DL Teve, 1974 e Os Apontamentos, 1976. Mas não são as crónicas, nem os contos, nem o teatro os responsáveis por fazer de Saramago um dos autores portugueses de maior destaque - missão reservada a seus romances, género a que retorna em 1977.

Três décadas depois de publicado Terra do Pecado, Saramago retornou ao mundo da prosa ficcional com Manual de Pintura e Caligrafia. Mas, ainda não foi aí que o autor definiu o seu estilo. As marcas características do estilo saramaguiano só apareceriam com Levantado do Chão (1980), livro no qual o autor retrata a vida de privações da população pobre do Alentejo.

Dois anos depois de Levantado do Chão (1982) surge o trabalho Memorial do Convento, livro que conquista definitivamente a atenção de leitores e críticos. Nele, Saramago misturou factos reais com personagens inventados: o rei D. João V e Bartolomeu de Gusmão, com a misteriosa Blimunda e o operário Baltazar, por exemplo.

De 1980 a 1991, o autor trouxe a lume mais quatro romances que remetem a fatos da realidade material, problematizando a interpretação da "história" oficial: O Ano da Morte de Ricardo Reis (1984) - sobre as andanças do heterónimo de Fernando Pessoa por Lisboa; A Jangada de Pedra (1986) - quando a Península Ibérica solta-se do resto da Europa e navega pelo Atlântico; História do Cerco de Lisboa (1989) - onde um revisor é tentado a introduzir um "não" no texto histórico que corrige, mudando-lhe o sentido; e O Evangelho Segundo Jesus Cristo (1991) - onde Saramago reescreve o livro sagrado sob a óptica de um Cristo humanizado (sendo esta a sua obra mais controvertida).

Nos anos seguintes, entre 1995 e 2005, Saramago publicou mais seis romances, dando início a uma nova fase em que os enredos não se desenrolam mais em locais ou épocas determinados e personagens dos anais da história se ausentam: Ensaio Sobre a Cegueira (1995); Todos os Nomes (1997); A Caverna (2001); O Homem Duplicado (2002); Ensaio Sobre a Lucidez (2004); e As Intermitências da Morte (2005). Nessa fase, Saramago penetrou de maneira mais investigadora os caminhos da sociedade contemporânea.

O mesmo faleceu no dia 18 de Junho de 2010, aos 87 anos de idade, na sua casa em Lanzarote onde residia com a mulher Pilar del Rio, vítima de leucemia crónica.

O escritor estava doente há algum tempo e o seu estado de saúde agravou-se na sua última semana de vida.


"Dificílimo acto é o de escrever, responsabilidade das maiores.(…) Basta pensar no extenuante trabalho que será dispor por ordem temporal os acontecimentos, primeiro este, depois aquele, ou, se tal mais convém às necessidades do efeito, o sucesso de hoje posto antes do episódio de ontem, e outras não menos arriscadas acrobacias(…)"

— Saramago, A Jangada de Pedra, 1986

Saramago foi conhecido por utilizar frases e períodos compridos, usando a pontuação de uma maneira não convencional. Os diálogos das personagens são inseridos nos próprios parágrafos que os antecedem, de forma que não existem travessões nos seus livros: este tipo de marcação das falas propicia uma forte sensação de fluxo de consciência, a ponto do leitor chegar a confundir-se se um certo diálogo foi real ou apenas um pensamento. Muitas das suas frases ocupam mais de uma página, usando vírgulas onde a maioria dos escritores usaria pontos finais. Da mesma forma, muitos dos seus parágrafos ocupariam capítulos inteiros de outros autores. Apesar disso o seu estilo não torna a leitura mais difícil, se os seus leitores se habituarem facilmente ao seu ritmo próprio.

Estas características tornam o estilo de Saramago único na literatura contemporânea, sendo considerado por muitos críticos um mestre no tratamento da língua portuguesa. Em 2003, o crítico norte-americano Harold Bloom, no seu livro Genius: A Mosaic of One Hundred Exemplary Creative Minds ("Génio: Um Mosaico de Cem Exemplares Mentes Criativas"), considerou José Saramago "o mais talentoso romancista vivo nos dias de hoje" (tradução livre de the most gifted novelist alive in the world today), referindo-se a ele como "o Mestre". Declarou ainda que Saramago é "um dos últimos titãs de um género literário que se está a desvanecer".





Nobel de Literatura (1998)
Prémio Camões (1995)

segunda-feira, 8 de março de 2010

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Nelson Mandela






Nelson Rolihlahla Mandela (Mvezo, 18 de julho de 1918) é um advogado, ex-líder rebelde e ex-presidente da África do Sul de 1994 a 1999. Principal representante do movimento anti-apartheid, como ativista, sabotador e guerrilheiro. Considerado pela maioria das pessoas um guerreiro em luta pela liberdade, era considerado pelo governo sul-africano um terrorista. Passou a infância na região de Thembu, antes de seguir carreira em Direito. Em 1990 foi-lhe atribuído o Prêmio Lênin da Paz, que foi recebido em 2002.

Como jovem estudante de direito, Mandela envolveu-se na oposição ao regime do Apartheid, que negava aos negros (maioria da população) direitos políticos, sociais e econômicos. Uniu-se ao Congresso Nacional Africano (conhecido no Brasil pela sigla portuguesa, CNA, e em Portugal pela sigla inglesa, ANC) em 1942, e dois anos depois fundou com Walter Sisulu e Oliver Tambo (entre outros) uma organização mais dinâmica, a Liga Jovem do CNA/ANC.

Depois da eleição de 1948 dar a vitória aos africânderes Partido Nacional apoiantes da política de segregação racial, Mandela tornou-se activo no CNA, tomando parte do Congresso do Povo (1955) que divulgou a Carta da Liberdade - documento contendo um programa fundamental para a causa antiapartheid.

Comprometido de início apenas com actos não violentos, Mandela e seus colegas aceitaram recorrer às armas após o massacre de Sharpeville (21 de Março de 1960), quando a polícia sul-africana atirou em manifestantes negros, desarmados, matando 69 pessoas e ferindo 180 - e a subsequente ilegalidade do CNA e outros grupos antiapartheid.

Em 1961 tornou-se comandante do braço armado do CNA, o chamado Umkhonto we Sizwe ("Lança da Nação", ou MK), fundado por ele e outros. Mandela coordenou uma campanha de sabotagem contra alvos militares e do governo, fazendo também planos para uma possível guerrilha se a sabotagem falhasse em acabar com o apartheid; também viajou em coleta de fundos para o MK, e criou condições para um treinamento e atuação paramilitar do grupo.

Em agosto de 1962 Nelson Mandela foi preso e sentenciado a 5 anos de prisão por viajar ilegalmente ao exterior e incentivar greves. Em 12 de junho de 1964 foi sentenciado novamente, dessa vez a prisão perpétua (apesar de ter escapado de uma pena de enforcamento), por planejar ações armadas, em particular sabotagem (o que Mandela admite) e conspiração para ajudar outros países a invadir a África do Sul (o que Mandela nega). No decorrer dos vinte e seis anos seguintes, Mandela se tornou de tal modo associado à oposição ao apartheid que o clamor "Libertem Nelson Mandela" se tornou bandeira de todas as campanhas e grupos antiapartheid ao redor do mundo.

Enquanto estava na prisão, Mandela enviou uma declaração para o CNA (e que viria a público em 10 de Junho de 1980) em que dizia: "Unam-se! Mobilizem-se! Lutem! Entre a bigorna que é a ação da massa unida e o martelo que é a luta armada devemos esmagar o apartheid!"
Recusando trocar uma liberdade condicional pela recusa em cessar o incentivo a luta armada (Fevereiro de 1985), Mandela continuou na prisão até Fevereiro de 1990, quando a campanha do CNA e a pressão internacional conseguiram que ele fosse libertado em 11 de fevereiro, por ordem do presidente Frederik Willem de Klerk. O CNA também foi tirado da ilegalidade.

Em 1993, com de Klerk, recebeu o Nobel da Paz, pelos esforços desenvolvidos no sentido de acabar com a segregação racial. Em Maio de 1994, tornou-se ele próprio o presidente da África do Sul, naquelas que foram as primeiras eleições multirraciais do país. Cercou-se, para governar, de personalidades do ANC, mas também de representantes de linhas políticas.

Nelson Mandela recebeu em 1989 o Prêmio Internacional Al-Gaddafi de Direitos Humanos. Ele e Frederik de Klerk dividiram o Nobel da Paz em 1993.

Mandela foi libertado pelo presidente Frederik de Klerk em 1990. Tornou-se então líder do Congresso Nacional Africano (ANC), do qual já de há muito se tornara referência. A sua experiência de luta contra o apartheid, a sua postura de moderado no período de transição para uma ordem democrática sem segregação, o claro objectivo de operar a reconciliação nacional que norteou as suas relações com o Presidente de Klerk, valeram-lhe um inesgotável prestígio no país e no estrangeiro. Mandela é provavelmente o político com maior autoridade moral no continente Africano, o que lhe tem permitido desempenhar o papel de apaziguador de tensões e conflitos.

Como presidente do CNA (de julho de 1991 a dezembro de 1997) e primeiro presidente negro da África do Sul (de maio de 1994 a junho de 1999), Mandela comandou a transição do regime de minoria no comando, o apartheid, ganhando respeito internacional por sua luta em prol da reconciliação interna e externa. Alguns radicais ficaram desapontados com os rumos de seu governo, entretanto; particularmente na ineficácia do governo em conter a crise de disseminação da SIDA/AIDS.

Mandela também foi criticado por sua amizade próxima para com líderes como Fidel Castro (Cuba) e Muammar al-Gaddafi (Líbia), a quem chamou de "irmãos das armas". Sua decisão em invadir o Lesoto, para evitar um golpe de estado naquele país, também é motivo de controvérsia.

Casou-se três vezes. A primeira esposa de Mandela foi Evelyn Ntoko Mase, da qual se divorciou em 1957 após 13 anos de casamento. Depois casou-se com Winnie Madikizela, e com ela ficou 38 anos, divorciando-se em 1996, com divergências políticas entre o casal vindo a público. No seu 80º aniversário, Mandela casou-se com Graça Machel, viúva de Samora Machel, antigo presidente moçambicano e aliado do CNA.

Após o fim do mandato de presidente, em 1999, Mandela voltou-se para a causa de diversas organizações sociais e de direitos humanos. Ele recebeu muitas distinções no exterior, incluindo a Ordem de St. John, da rainha Isabel II, e a Medalha presidencial da Liberdade de George W. Bush.

Ele é uma das duas únicas pessoas de origem não-indiana a receber o Bharat Ratna - distinção mais alta da Índia - em 1990. (A outra pessoa não-indiana é a Madre Teresa de Calcutá.)

Em 2001 tornou-se cidadão honorário do Canadá e também um dos poucos líderes estrangeiros a receber a Ordem do Canadá.

Em 2003, Mandela fez alguns pronunciamentos controversos, atacando a política externa do presidente estadunidense Bush. No mesmo ano, ele anunciou seu apoio à campanha de arrecadação de fundos contra a AIDS (ou SIDA em português) chamada 46664 - número que lembra a sua matrícula prisional.

Em Junho de 2004, aos 85 anos, Mandela anunciou que se retiraria da vida pública. Sua saúde tem sofrido abalos nos últimos anos e ele deseja aproveitar o tempo que lhe resta com a família. Fez uma exceção, no entanto, por seu compromisso em lutar contra a SIDA/AIDS. Naquele mesmo mês ele viajou para a Indonésia, a fim de discursar na XV Conferência Internacional sobre a SIDA/AIDS.

Em Novembro de 2006, foi premiado pela Anistia Internacional com o prêmio Embaixador de Consciência 2006 em reconhecimento à liderança na luta pela proteção e promoção dos direitos humanos.

Em junho de 2008 foi realizado um grande show em Londres em homenagem aos seus 90 anos, onde participaram vários cantores mundialmente conhecidos.

Em abril de 2009, Mandela apareceu no comício do Congresso Nacional Africano, do candidato a presidente Jacob Zuma, mostrando seu apoio.






in Wikipedia

Libertação de Nelson Mandela foi há 20 anos

Foi há 20 anos que o mundo assistiu ao momento de libertação de Nelson Mandela. Depois de anos a fio de Apartheid sentiamos que a História podia e começava a mudar. Não resisto a partilhar este momento que assisti ao lado do meu pai, em que Nelson Mandela caminhava livre depois de quase 30 anos de cativeiro.

sábado, 30 de janeiro de 2010

31 de Janeiro de 1891

Breve história da Revolta do 31 de Janeiro - Porto


No dia 31 de Janeiro de 1891, a cidade do Porto assistiu à revolta militar contra as cedências do Governo (em regime de monarquia) ao ultimato britânico de 1890, por causa do Mapa Cor-de-Rosa, que pretendia ligar, por terra, Angola a Moçambique. Os Principais responsáveis pelo levantamento militar foram, o Capitão António Amaral Leitão, o Alferes Rodolfo Malheiro, o Tenente Coelho, o Dr. Alves da Veiga, o Actor Verdial e Santos Cardoso, para além de outras figuras ilustres da época (Aurélio da Paz dos Reis, Basílio Teles, Sampaio Bruno e João Chagas).
Na madrugada de 31 de Janeiro, o Batalhão de Caçadores nº 9 comandado por sargentos, dirige-se para o Campo de Santo Ovídio, actualmente Praça da República, para juntar-se a outros regimentos e forças militares. O Batalhão vai ao encontro do grupo de Alferes Malheiro, do Regimento de Infantaria 10, liderado pelo Coronel Coelho e da companhia da Guarda Fiscal. O Regimento de Infantaria 18, fica retido pelo Coronel Meneses de Lencastre, que demonstra a sua neutralidade perante o movimento revolucionário.
Os revoltosos seguem pela Rua do Almada e vão para a Praça de D. Pedro, hoje Praça da Liberdade. Nesse mesmo local em frente do antigo edifício da Câmara Municipal do Porto, assistem ao discurso de Alves da Veiga para proclamar o governo provisório da República, e hastear uma bandeira vermelha e verde. Estava instalada a euforia, havia foguetes e fanfarras, as pessoas davam vivas à República. Após o discurso de Alves da Veiga, as forças militares e alguns civis subiram pela Rua de Santo António, em direcção à Praça da Batalha, com a finalidade de tomar a estação de Correios e Telégrafos. O movimento revolucionário sofre um rude golpe. A Guarda Municipal, posicionada na escadaria da Igreja de Santo Ildefonso, com a sua artilharia, travou os intentos dos revoltosos. Terão morrido 12 revoltosos e feridos foram aproximadamente 50.
A revolta não teve o sucesso esperado.Os revoltosos foram levados e julgados em Conselhos de Guerra. Assim foram julgados 505 militares e alguns civis. As penas variaram de 18 meses e 15 anos de prisão para os responsáveis desta revolta.
Por isso, e no momento que foi implantada a República (5 de Outubro de 1910), em homenagem à revolta de 31 de Janeiro de 1891, a Rua de Santo António foi rebaptizada para Rua 31 de Janeiro.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010